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Abstract(s)
A osteomielite crónica é uma infeção óssea duradoura e persistente provocada por complexas
colónias de microorganismos envolvidos numa matriz de proteínas e polissacarídeos, o biofilme, que as
protege tanto do sistema imunitário do organismo como da ação dos antibióticos. O não tratamento ou
insucesso no tratamento da osteomielite aguda, associados a fatores como lesões importantes dos
tecidos moles envolventes, pobre vascularização óssea, compromisso sistémico e microorganismos
múltiplos e resistentes, conduzem a um estado de infeção óssea crónica e refratária, cuja atividade
inflamatória constante tem como consequências a destruição óssea e pode favorecer o
desenvolvimento de neoplasias. A incidência de transformação maligna em osteomielites crónicas é
muito reduzida nos países desenvolvidos, no entanto permanece um problema importante nos países
com cuidados de saúde mais precários. O mecanismo exato de transformação maligna permanece
desconhecido, admitindo-se que de forma multifatorial o estado inflamatório crónico comporta-se
como um agente promotor no complexo processo da carcinogénese. A transformação maligna inicia-se
na pele ou do epitélio da fístula e, se não for tratada, infiltra os tecidos adjacentes, incluindo o osso. A
prevalência de transformação maligna na osteomielite crónica varia entre 1,6 e 23%, os ossos mais
atingidos são a tíbia e o fémur, e a transformação maligna mais frequentemente encontrada é o
carcinoma espino-celular da pele. A presença de dor, cheiro fétido e drenagem aumentadas, bem como
o aumento da dimensão ou exofitose de uma massa e a não melhoria após 3 meses de tratamento
podem ser sinais de alerta de transformação maligna. O diagnóstico é confirmado com base em
biópsias, devendo estas ser efetuadas precocemente em múltiplos locais e profundidades, incluindo
úlcera, fístula e osso, de modo a aumentar a precisão diagnóstica e reduzir o número de falsosnegativos.
Após diagnóstico de transformação maligna é fundamental estadiar a doença neoplásica e
avaliar a presença de metástases à distância. O tratamento cirúrgico definitivo e o mais frequentemente
utilizado nestas situações, na medida em que a maior parte dos pacientes têm doença avançada, é a
amputação proximal à neoplasia. Está indicada quimio-radioterapia adjuvante na doença metastática e
em tumores de alto grau. Em pacientes selecionados sem doença metastática pode-se optar por excisão
tumoral alargada com conservação do membro, seguida de cirurgia de reconstrução. O principal fator
prognóstico é o estadiamento da doença neoplásica. Na maioria dos casos, os carcinomas espinocelulares
em osteomielite crónica são agressivos, têm altos níveis de recidiva local e de metastização. A
metastização é precoce, ocorrendo a maioria nos primeiros 18 meses após transformação maligna, e
localiza-se principalmente nos gânglios linfáticos. O diagnóstico precoce e tratamento agressivo das
transformações malignas das osteomielites crónicas são fundamentais para o prognóstico e resultados
finais. O método mais eficaz de prevenção do aparecimento destas lesões malignas é o tratamento
adequado e definitivo da osteomielite crónica, com antibioterapia e limpeza cirúrgica.
Apresentam-se cinco casos clínicos do serviço, desde a etiologia da sua osteomielite crónica,
até à suspeita e diagnóstico da transformação maligna e seu respetivo tratamento, resultados e
sobrevivência.
Description
Keywords
Osteomielite
Citation
Reunião do Serviço de Ortopedia a 21-10-2015. Auditório do Serviço de Ortopedia do CHUC.