Browsing by Author "Gaspar, AR"
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- Pé de Charcot – Um caso clínicoPublication . Moura, DL; Figueiredo, A; Gaspar, AR; Mendonça, A; Faísca, J; Mariano, CA artropatia neuropática de Charcot é uma doença osteoarticular primária progressiva que atinge mais frequentemente o pé e tornozelo. Trata-se de uma patologia característica de doentes diabéticos de longa evolução e com mau controlo glicémico. Aceita-se hoje em dia que esta condição tem origem numa combinação de hiperémia/inflamação óssea, osteopénia e défices sensitivo-motores, ou seja, uma combinação das clássicas teorias neuro-traumática e neuro-vascular, com a nova teoria inflamatória. A doença pode estar na fase aguda, activa ou inflamatória, verificando-se um pé edemaciado, com calor e eritema, ou na fase crónica ou inactiva, onde são características deformidades acentuadas devido a luxações e fracturas. O diagnóstico faz-se sobretudo pela clínica, podendo a radiografia, a ressonância magnética e a cintigrafia óssea serem úteis, nomeadamente em termos de diagnóstico diferencial. Os objectivos do tratamento são analgesia, estabilidade articular, pé plantígrado, marcha e prevenção de úlceras, deformidades e amputação. A opção de tratamento depende da fase de doença, local, gravidade e grau de ulceração. Para a fase aguda reserva-se imobilização com bota gessada por 2-4 meses e descarga, enquanto na fase crónica está indicada imobilização com ortóteses tornozelo-pé ou calçado especializado ou correcção cirúrgica das deformidades em casos específicos. Casos de dor incapacitante, exostose, úlcera recorrente, deformidades acentuadas e luxações ou fracturas, têm indicação de correcção cirúrgica, que pode ir desde exostosectomia, a artrodese ou mesmo amputação. Apresenta-se um caso clínico de um caso de pé de Charcot com evolução rápida de destruição osteo-articular em 6meses. Quanto a classificações trata-se de Sanders-Frykberg grau III-IV (sub-talar, médiotársica),Brodsky grau II (sub-talar, talo-navicular, calcâneo-cuboideia) e Eichenholtz grau III (estadio crónico/consolidação - Deformidade). Face a deformidade acentuada instável e dor incapacitante, opta-se por tratamento cirúrgico com artrodese tripla do tornozelo com encavilhamento calcâneo-tibial retrógrado. Intraoperatoriamente verifica-se destruição osteo-articular necrótica acentuada do astrágalo e parcial do calcâneo, é então feita astragalectomia, encavilhamento calcâneo-tibial retrógrado e artrodese com 2 parafusos canulados: calcâneo-tibial e fíbulo-tíbio-navicular, bem como aplicação de aloenxerto. É feita imobilização com bota gessada, que é renovada em consulta a cada 2 semanas sob vigilância. A imobilização e descarga são mantidas até sinais deconsolidação. Quanto a prognóstico é conhecida a taxa elevada de complicações deste tipo de procedimento no pé de Charcot, estando relatadas percentagens superiores a 70%, nomeadamente de infecção, mau posicionamento de material cirúrgico, úlcera recorrente e fractura. São fundamentais para boa evolução manter a descarga e imobilização prolongada, a renovação de imobilização e inspecção frequente do pé e um bom controlo da glicémia. Face à localização e presença de deformidade acentuada e lesão cutânea, este caso clínico apresenta um prognóstico reservado, podendo eventualmente por complicações progredir para amputação.
- Síndrome do osso trígonoPublication . Moura, DL; Gaspar, AR; Mariano, C; Judas, FA causa mais frequente da síndrome de conflito posterior do tornozelo envolve o osso trígono e o processo talar, chamando-se síndrome do osso trígono à compressão sintomática de tecidos moles e osso a nível do intervalo calcâneo-tibial. Trata-se de uma entidade controversa, atualmente ainda com evidência limitada na literatura. A presença do osso trígono é na maior parte dos casos apenas um achado imagiológico sem tradução clínica, no entanto o seu traumatismo, agudo ou crónico, em movimentos de flexão plantar forçada pode ser responsável pela sua lesão e conversão sintomática. O diagnóstico é feito pela clínica e pela evidência imagiológica e é frequentemente subdiagnosticado ou tem diagnóstico tardio. É necessário um nível elevado de suspeição para diagnóstico precoce, que é fundamental não só para iniciar rapidamente o tratamento adequado para alívio sintomático, como também em termos de prognóstico. O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico, envolvendo a ressecção deste ossículo acessório, por técnicas de cirurgia aberta ou minimamente invasivas de artroscopia ou endoscopia. O presente trabalho faz uma revisão da literatura científica existente sobre este tema. Introduzimos com a definição da síndrome, noções anatómicas e fisiopatológicas, seguindo-se a apresentação dos sinais e sintomas clínicos e dos meios complementares de diagnóstico e finalizando com as várias abordagens terapêuticas, tanto conservadora como cirúrgica. São descritas e comparadas entre si as três técnicas cirúrgicas mais praticadas atualmente, a cirurgia aberta, a artroscópica subtalar e a endoscópica.
- Traumatologia da Articulação de LisfrancPublication . Moura, DL; Gaspar, AR; Fonseca, FAs lesões do complexo articular de Lisfranc são frequentes e muitas vezes subdiagnosticadas em desportistas. São lesões com tempo prolongado de recuperação e que muitas vezes colocam a carreira desportiva em risco, na medida em que a maioria evolui rapidamente para osteoartrose sintomática. Um nível elevado de suspeita de reconhecimento dos sinais clínicos de lesão e uso dos exames de imagem adequados são críticos para um diagnóstico correto e precoce, de modo a se conseguir um tratamento adequado e garantir rápido regresso à atividade desportiva. Os tratamentos ideais para as lesões de Lisfranc são controversos e devem ser adequados ao tipo de lesão, estadio e características do atleta. Este artigo apresenta uma revisão da atual evidência científica em relação aos princípios de diagnóstico e tratamento das lesões do complexo articular de Lisfranc na população praticante de desporto.